-
Caso houvesse a regulamentação da indústria da maconha, lucros poderiam ser de R$ 167 bi por ano, diz associação
-
A Associação Brasileira das Indústrias de Cannabis analisa potencial de uso da erva pela agroindústria, podendo ser útil para produção de plástico, alimentos e medicamentos
- Por Camilla Ribeiro
- 30/06/2024 19h52 - Atualizado há 5 meses
A Associação Brasileira das Indústrias de Cannabis (Abicann) confere que o Brasil não movimente aproximadamente de US$ 30 bilhões (ou R$ 167,81 bilhões) na cotação desta sexta-feira (28) por ano.
Isso acontece devido a ausência de regulamentação da indústria da maconha.
Tal indústria vai além do consumo pessoal da erva e do uso medicinal.
Áreas de pesquisa, agronegócio e agroindústria estão entre os destaques que podem ser beneficiados, conforme diz o presidente da associação, Thiago Ermano.
"O principal é agroindustria, que tem a capacidade de produzir cerca de 50 mil itens com as matérias-primas dessa planta.
Desde a parede com concreto ao plástico, e até alimentos e medicamentos, tanto para humanos quanto animais", relata o presidente da Abicann.
O cânhamo é uma das variações da Cannabis sativa (a espécie da maconha).
Suas características, como a fibra é conhecida por ter grande resistência e durabilidade.
Sendo tão útil a ponto de ter sido utilizada como matéria-prima das velas e cordas das caravelas do contexto histórico das Grandes Navegações.
Ademais da aplicação medicinal da maconha, essa fibra pode ser usada para produzir plásticos e concreto biodegradável.
Um grupo de estudos da Universidade de São Paulo (USP) discutiu como o tecido de cânhamo pode ser utilizado com a finalidade de alavancar uma moda mais sustentável.
Tendo o potencial benéfico para o meio ambiente.
"O cultivo da maconha também ajuda reduzir gases de efeito estufa e até a recuperar o solo", destaca Ermano.
"Ela é o tipo de planta que na agricultura pode ser utilizada com a soja ou com o tomate para se otimizar a produtividade", diz o presidente da Abicann, enfatizando estudos nesse setor do agrônomo e professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Derly Jose Henriques.
"A maconha ainda é capaz de absorver metais pesados. Ela extrai e oxigena, as raízes vão muito fundo e deixam oxigenado o solo", afirma.
Segundo os Institutos Nacionais da Saúde (NIH) — centros de pesquisa que agrupam a agência de pesquisa biomédica do departamento de Saúde dos Estados Unidos -, o cânhamo é usado com sucesso desde 1998 para restaurar terras agrícolas contaminadas pelo desastre nuclear de Chernobil, em 1986.
"E depois de aplicadas, a fibra dessas plantas (de Chernobil) ainda poderá ser aproveitada para ser usada na indústria", ressalta Ermano.
Diante desse exposto, o exemplo de aplicação ambiental não se limita à Europa, podendo ajudar a realidade brasileira.
"Olhe para o Rio Grande do Sul. A Cannabis poderia ser utilizada para criar um cenário de recuperação ambiental nas bordas dos rios, por exemplo. É uma bioeconomia perdida num momento da história da humanidade que se precisa de solo, oxigênio e água limpa", conclui o presidente da Abicann.
Com um vasto leque de aplicações, a Abicann estima que 21 setores da economia se beneficiariam e 400 mil empregos seriam gerados (a maioria em nível técnico) com a regulamentação dessa indústria no Brasil.